sábado, 30 de julho de 2011

O REI DO GRELHADOR!!!

Hoje eu e o Pai conseguimos passar uma "meta" sozinhos:  grelhar.  Fizemos as 1ªs sardinhas no grelhador do jardim.

Quem o fazia era sempre o Afonso, quando nos reuniamos todos cá em casa e por esta altura.  Adorava grelhados principalmente quando estava reunidos com os "velhinhos" ou em casa do Zeca.  Ia todo feliz!

Aqui em casa custava-lhe por vezes um bocado pois calhava sempre ao domingo e a sua "alvorada" era um pouco mais cedo para preparar as coisas e o almoço não ser muito tarde.

Grelhava muito bem desde peixe, a picanha, etc.  Acho que era conhecido entre os amigos pelo rei dos grelhados:  em serviço estava sempre o Afonso!

Em casa do "velhinho" Zeca juntava umas cervejolas e uns mergulhos na piscina e tudo decorria de uma maneira descontraída e feliz!

As sardinhas souberam-me bem, o Pai esmerou-se mas depois do almoço e já com o café tomado não consegui conter as lágrimas.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A MOTO DOS SONHOS!

Não seria este modelo pois a que falavas tinha um volante mais alto e lugar para duas pessoas.  Mas era esta a marca da moto dos teus sonhos.

Quando iamos de mão dada pela rua, dizias-me que irias comprar uma quando fosses grande, para dar grandes passeios e levar a Mãe.  Até me imaginavas de lenço ao pescoço, fato de cabedal e cabelos brancos ao vento!

Sem saberes também me fazias sonhar e eu adorava esta imagem contigo.  Os dois dando passeios por essas estradas, por essas praias, por esses sítios desconhecidos. Sempre desejei ser uma mãe de idade a acompanhar os seus filhos e só tu me fomentavas esses sonhos!

Sabias que também era e é a moto preferida da mãe até hoje!

Entretanto o Pai comprou uma Piaggio e foi com ela que começaste a  andar. Tenho que confessar que para motos e bicicletas nunca mostraste destreza ao contrário do teu irmão João.

Davas boleia aos teus amigos, à tua namorada que a certa altura se recusou a andar contigo (!) mas nunca convidaste a mãe!

Para nós os dois era só uma Harley Davidson não era meu querido?  Eu compreendo-te!!!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

CONHECEDOR DO MUNDO QUE PODIA ABARCAR...

Foste sempre uma pessoa de grande bagagem intelectual.  Eras muito curioso e por isso não havia livro, enciclopédia ou revista que não fosse folheada e lida por ti.  Não fazias espalhafato disso mas estavas ao nível de qualquer conversa, fosse ela com pessoas da tua idade ou mais velhas.

Soube, já adulto que aos 12 anos já tinhas lido a Biblia.  Por isso os grandes e acessos debates com o Pai. Não te intimidavas pois sabias o que querias transmitir.

Discutias ciência, política, astronomia, o cosmos e outros assuntos com segurança de quem leu e estava informado.  Isto não quer dizer que tivesses sempre razão mas sabias refutar as tuas ideias.

Lembro-me de 3 episódios.

- O Nuno B. Morais, mais velho que tu e todo ligado às ciências, dizia-me muitas vezes que tu deverias ter dificuldade de encontrar pessoas da tua idade para falar porque estavas muito mais adiantado nos conhecimentos;
- A tua directora de turma do 3º ano do liceu, que também era tua professora de Ciências, disse-me que punhas questões nas aulas que ela própria não sabia responder;
- Quando tinhas 14 anos e ias de mão dada para o colégio com a namorada que tanto gostaste, pedias para ela ir dizendo as capitais dos países para assim ir conhecendo o mundo.

Tinhas mesmo que te refugiares na leitura para matar essa sede que tinhas em saber, em conhecer e em viver o que te rodeava.

Foste um conhecedor do mundo, do mundo que tu podias abarcar e abarcaste com ambos os sentidos ao teu alcance.

domingo, 10 de julho de 2011

UM SONHADOR!

Quando vocês eram pequenos, e como qualquer criança queriam histórias antes de adormecer.  Tu dormias com o João no beliche debaixo e a Rita no seu quarto.

A Mãe andava de quarto em quarto e lembro-me que na altura, a Rita gostava das histórias da Anita. Eram histórias pequenas e rapidamente ia para outra "banda", para o vosso quarto para contar a vossa.  Acho que o João não ligava nenhuma e adormecia apenas com o bláblá da Mãe.

Eu deitava-me a teu lado e começava com uma história.  Interrompias constantemete, fazias imensas perguntas, querias saber os porquês das situações ou dos momentos.  Tinha que te explicar tudo senão não terminavas com:  "mas porquê Mãe?".  Querias respostas e só encontravas perguntas.  Então, talvez insatisfeito ou aborrecido pela tua curiosidade não ter resposta,  pegavas num ponto da história e começavas tu a desenvolve-la.  Quantas vezes adormeci eu primeiro!!!

Mas quando isso não acontecia e eu ficava  atenta à continuação da história por tua parte, ficava admirada com a tua imaginação.  Ela "voava" e tu acreditavas piamente no que dizias!

Interroguei-me várias vezes:  aonde vai parar a imaginação deste miúdo?  E pensava:  meu Deus isto tem que ser muito bem conduzida ou o Afonso torna-se num mentiroso compulsivo, pois ele acredita como sendo real as situações que ele descreve!.

Cheguei a falar com o Pai e os dois ficámos atentos na preocupação de conduzir essa tua característica para algo de benéfico e saudável para ti.

Conseguimos!
 
Tornaste-te num curioso, num sabedor, num sonhador, num fazedor de ideias e de as concretizar.

Tornaste-te num designer de profissão e numa pessoa cheia de sonhos, alguns que realizas-te outros que não deram  mas acima de tudo num saudável sonhador!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

IDEAIS DE UMA CRIANÇA!!!

Tiveste sempre algumas "manias".  Em adulto não sei se as perdeste mas chamavam-te "Jaguar" pelos óculos que usavas e não sei se terias mais alguma...

Em miúdo tiveste a mania de vestir gravatas, de ser cientista e de ser almirante da marinha.  E tudo era levado muito a sério por ti e eu "acompanhava-te"!

- Não saias de casa sem a tua gravata posta e o que eu corri e a nossa amiga Guiomar para te comprarmos algumas.  Muitas só em Hong Kong.

- Tinhas uma t.shirt que dizia: sou cientista, a qual vestias para fazer as tuas experiências no quarto, também com coisas próprias para a tua idade. Lembro-me de 2 placas em acrílico, presas na base e onde se metia areia para tu, depois de as apanhar, punhas formigas para observar os túneis que elas faziam e o que comiam. Tinhas também um huster dentro de uma gaiola e observavas a sua inteligência.

- Da marinha querias ser almirante!  Lembro-me que a Tia Rosário resolveu levar a "sério" essa tua ideia e como conhecia alguns amigos organizou-te um encontro com todo o rigor.  Nunca mais te esqueceste!
Organizaram um almoço no Clube Militar, em determinado dia e um motorista foi-te buscar ao colégio. À entrada, perfilados e fardados tinhas à tua espera uma escolta digna de um almirante. Ficaste todo orgulhoso.  Depois encaminharam-se para uma mesa já preparada e deram-te o lugar de honra.  A conversa girou à volta do mar, navios e oficiais da marinha porque almirante eras só tu!  Levaste o caso muito a sério e nos teus 5 anos não te atrapalhaste nem deixaste a conversa cair em "saco roto".  Depois de terminado acompanharam-te à saída, com a saudacão entre camaradas do mesmo ramo e o motorista voltou  a levar-te ao colegio!
Vieste para casa ainda mais convencido que eras almirante!!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O AMIGO DO SEU AMIGO!

Como é difícil ter uma página em branco à nossa frente, para contar tanta coisa de que me recordo de si, das suas brincadeiras, da sua alegria, do seu amor ao próximo, dos seus amores, da sua amizade!

Por falar em amizade lembrei-me de uma que aconteceu em Macau, tinha o Kikinhas 4 anos.

Havia no seu colégio a família Abecassis que era constituida por 12 (!) irmãos.  Portanto não havia turma nenhuma que não houvesse um!  Era muito amigo desse Abecassis (que agora não me recordo do nome).  Conviviam no recreio, repartiam lanche, comprava-lhe coisas na cantina pois eles não podiam ter mesada, convidava-o para sua casa e ia também brincar com ele.

Um dia, o Abecassis foi para a sala de aula, provavelmente sem a blusa branca bem passada, sem o nó da gravata bem dado ou até com o fecho eclair das calças azuis aberto. Vocês andavam todos de uniforme.

A professora, na aula e em frente a todos os alunos, chamou-o à atenção para alguma destas falhas de uma maneira nada pedagógica.

Você perdeu a cabeça, pôs-se em cima da cadeira e a chorar, de dedo em riste, disse:

-  Não sabe que eles são 12 irmãos e que a Mãe não pode ver como vêm todos? São muitos e ajudam-se uns aos outros.  Não volta a dizer isso ao meu amigo.

Saiste da sala e foste para um canto do recreio desabafar a injustiça da professora.

Fui claro chamada ao colégio, e disse que tu, provavelmente terias razão para reagir assim, pois a professora deveria ter dito algo de uma forma mais violenta que o necessário.

Já com 4 anos, mostravas ser amigo do teu amigo e não ter medo de enfrentar as consequências para os defender!