Nunca tinhas andado num infantário até aos teus 3 anos quando fomos para Macau. Foste, para o colégio D. Bosco.
As horas que eu também lá passei contigo pois tu não gostavas nada e dizias-me que aquilo era um colégio de madrastas! A tua irmã Rita também lá andava mas não tinha a aversão que tu manifestavas.
Todos os dias lá ia com vocês e tu entravas contrafeito. Eu levava-te até à sala e a educadora deixava-me ficar sentada a teu lado. Quando estavas mais distraído com um desenho, jogo ou outro passatempo e eu via-te distraído saia da sala para voltar uns tempos mais tarde quando o teu choro ou refilanço se ouvia alto e em bom som! E assim se passavam as manhãs e parte da tarde.
Um dia, em casa e à conversa tu pediste-me: se a Mãe me comprar um coldre, 2 pistolas, umas algemas e um bastão, pode deixar-me à porta do colégio que eu vou sozinho para a sala. Fiquei boquiaberta e com um dilema.
Boquiaberta pois não percebi o porquê de tanto "armamento". Com um dilema pensando o que diria a educadora da minha atitude caso deixasse o meu filho ir com todo aquele material bélico.
- Meu querido para quê isso?
- Porque assim posso defender-me daquelas madrastas e prende-las.
- Mas ias mesmo mais seguro e entravas sozinho no colégio?
- A mãe deixa-me no portão e eu vou sozinho para a sala.
Como mãe é mãe e a situação de ter que ir com o Afonso para a sala já se arrastava há uns tempos, lá lhe comprei o que me tinha pedido.
De manhã "aperaltou-se" e caminhava com um ar seguro e sereno! Coldre à cintura com 2 pistolas e numa mão o bastão e noutra as algemas. Era o chamado "puto" muito giro e aquela figura fazia-me rir para dentro!
Fizemos o percurso para o colégio e quando chegamos ao portão eu tencionava, como todos os dias entrar e levá-lo depois à sala. Paraste à entrada e dizes-te:
- Mãe pode ir-se embora. Eu vou sozinho pois estou armado.
Nem queria acreditar! Deste-me um beijo e avançaste seguro pelo recreio adentro sem qualquer hesitação e sem um olhar para trás!
A partir desse dia comecei a deixar-vos aos dois no portão e julgo que o uso e porte de armas não demorou muito tempo!
essa história é tão a cara do Afonso :)
ResponderEliminarLembro-me de me contar uma história em que defendeu com "unhas e dentes" um amiguinho de Macau com quem, segundo ele, a professora foi "injusta"*
Adorei!
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